CAPÍTULO 1:FUNDAMENTOS DA ESTRUTURAÇÃO CURRICULAR

CAPÍTULO 1:
FUNDAMENTOS DA ESTRUTURAÇÃO CURRICULAR
1.1 O QUE É CURRÍCULO?
Quando falamos em “currículo”, o que vem à sua mente? Muitos podem pensar em uma lista de disciplinas ou conteúdos que devem ser ensinados ao longo do ano letivo. No entanto, o currículo vai muito além
disso no contexto educacional moderno, ele orienta o “que”, o “como” e “o porquê” ensinamos. Inclui os
objetivos de aprendizagem, as metodologias de ensino, as formas de avaliação e as experiências que
contribuem para o desenvolvimento integral do aluno.
O currículo escolar deve se apoiar nos documentos legais e nas exigências do Ministério da Educação,
do estado e do município, em alguns casos. Portanto, a BNCC e o Currículo Paulista, no nosso caso, são
imprescindíveis de estarem no currículo da escola. Também o professor, no momento do planejamento,
deve levar em consideração, como vimos em aulas anteriores, o Projeto Político-Pedagógico. Assim, é fundamental que casa ação pedagógica seja estruturada, pensada e articulada com as normas curriculares a
nível nacional, estadual, municipal e da própria escola.
1.2 A PROGRESSÃO CURRICULAR
Posto isso, a ideia de progressão curricular refere-se à maneira como o currículo é organizado para permitir que o conhecimento seja construído de forma paulatina e tendo como base os conhecimentos prévios.
Isso significa estruturar o aprendizado de modo que cada nova etapa se apoie na anterior, facilitando
a compreensão e a aplicação dos conceitos. Quando bem implementada, a progressão curricular ajuda
os alunos a desenvolverem habilidades complexas, a aprofundarem seu entendimento sobre os temas
estudados e a conectarem diferentes áreas do saber.
A progressão curricular não beneficia apenas a construção de conhecimento, ela é fundamental para o
desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico, criatividade e resolução de problemas. Além
disso, apoia o desenvolvimento emocional e social dos alunos, preparando-os para lidar com desafios,
trabalhar em equipe e comunicar-se eficazmente.
1.3 TEORIAS EDUCACIONAIS QUE EMBASAM A PROGRESSÃO
Para enriquecer nossa discussão sobre progressão curricular, vamos dar uma rápida olhada nas contribuições de alguns dos teóricos mais significativos que oferecem insights valiosos sobre a aprendizagem e
o desenvolvimento educacional.
Jerome Bruner e a Educação em Espiral
Jerome Bruner, um influente psicólogo educacional, propôs o modelo de educação em
espiral, que se alinha perfeitamente à ideia de progressão curricular. Segundo Bruner,
o currículo deve ser estruturado de forma que os assuntos sejam revisitados em intervalos regulares, com cada revisitação aumentando em complexidade e aprofundando o
entendimento. Essa abordagem não só reforça o conhecimento anterior, mas também
prepara o aluno para conceitos mais avançados, facilitando uma compreensão mais rica
e integrada das disciplinas estudadas. A teoria de Bruner enfatiza que qualquer assunto
pode ser ensinado de forma eficaz, em algum nível intelectualmente honesto, para qual-
quer criança em qualquer estágio de desenvolvimento.
David Ausubel e a Aprendizagem Significativa
David Ausubel, por sua vez, introduziu o conceito de aprendizagem significativa, enfatizando a importância de ligar novos conhecimentos às estruturas de conhecimento já
existentes no aluno. Ausubel argumentava que o aprendizado é mais eficaz quando o
estudante consegue relacionar o novo conteúdo com o que já sabe (pré-conhecimento),
diferenciando-se da aprendizagem memorística, que é muitas vezes desconectada e de
difícil retenção. A progressão curricular, sob essa perspectiva, deve ser cuidadosamente
planejada para garantir que novos conhecimentos se conectem de forma significativa
com os conhecimentos prévios, facilitando, assim, uma compreensão mais profunda e
duradoura e, consequentemente, construindo conhecimento.
Foi Ausubel quem idealizou, desde a teoria, os mapas mentais e conceituais, que tornam visíveis o que o estudante já sabe até os novos conhecimentos, ou seja, estabelecem relações entre novos e velhos conhecimentos. Hoje, a sua teoria ainda é muito
discutida e colocada em prática ao redor de todo o mundo.
A Contribuição de Vygotsky e Piaget
Lev Vygotsky e Jean Piaget, embora com visões distintas sobre o desenvolvimento
cognitivo, oferecem fundamentações teóricas importantes para que outros autores
pensassem na progressão curricular. Esses pensadores construíram teorias que expli
cavam como o ser humano aprende e como se desenvolvem. Vygotsky, com sua teoria
do desenvolvimento sociocultural, destaca a importância da interação social no aprendizado, introduzindo o conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que é
o intervalo entre o que o aluno pode fazer sozinho e o que pode fazer com ajuda. Esse
conceito reforça a ideia de que a progressão curricular deve ser ajustada para desafiar os alunos justamente dentro dessa zona, promovendo o máximo de crescimento
cognitivo. E Piaget, desde o desenvolvimento psicogenético, explica o desenvolvimento
biológico das crianças. Desde Piaget, as crianças podem ser classificadas em grupos que
possuem o mesmo nível de desenvolvimento cognitivo. Claro que Vygotsky e Piaget estavam pensando, de maneira geral, em todas as crianças e não nas crianças com algum
tipo de deficiência, vale o esclarecimento.
Em resumo, a progressão curricular é um pilar fundamental da educação contemporânea, apoiando-se
em uma rica base teórica e oferecendo valor inestimável para o desenvolvimento dos alunos. Ao adotar
abordagem progressiva, os educadores podem facilitar uma aprendizagem mais profunda, adaptativa e
significativa, preparando os alunos para enfrentar os desafios do futuro com confiança e competência. A
progressão curricular não é apenas sobre o que ensinamos, mas sobre como estruturamos o aprendizado para maximizar o potencial de cada aluno, respeitando suas individualidades e promovendo
um crescimento integral.

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